segunda-feira, 4 de abril de 2011

Carta aberta à minha geração

Os dias que vivemos são difíceis e austeros. O futuro não é animador. Tudo o que os telejornais noticiam, não é metade daquilo que realmente está a acontecer.


Custa-me ver manobras de puro ilusionismo por parte dos nossos governantes, onde dão o dito por não dito, faltam á verdade de forma simples e, por vezes, chocante. Vendem um país capaz de se re-erguer, capaz de ultrapassar a conjuntura económica que se faz sentir mas, fazem-no vendendo algo que não temos. Os impostos da nossa geração que ainda agora está a começar a trabalhar já foram hipotecados para muitos e longos anos. A vida dos nossos filhos irá estar sempre presa a uma divida que os avós deles contraíram.


O nosso problema, não é a divida interna mas sim as entradas externas, ou seja, o nosso problema é o dinheiro que o Estado pediu sem saber como o irá pagar hipotecando todas as formas de receita estatal dos próximos anos. Mas ainda assim, pensa-se em reconstruir escolas praticamente de raiz, construir auto-estradas, construir linhas férreas de alta velocidade, construir um novo aeroporto em Lisboa, comprar carros eco-eficientes para os órgãos estatais, pagar as visitas de estado a pessoas que não vem dar nenhum contributo útil para negócios e transacções das nossas empresas, vender edifícios públicos a privados para posteriormente se pagar um arrendamento pelos mesmos.


Porque é que temos de poupar e, gasta-se dinheiro desnecessário, em coisas inúteis para o que é a realidade economico-social deste nosso Portugal.


De uma forma muito fria e cruel, neste momento o que menos interessa é se os carros que temos são muito poluentes, se temos estradas iguais é Alemanha ou á França. Como vão as pessoas utilizar o TGV se não têm dinheiro se quer para pagarem as suas rendas e, podem com facilidade, mais barato, mais rápido e mais comodamente, chegarem a qualquer país da Europa de avião?


O que interessa é a criação de emprego, é gerar riqueza interna incentivando os empresários nacionais a investir na criação de empregos e de fabricação de produtos e bens. É incentivar a população a consumir esses bens e produtos, por forma a gerar receita interna, movimentando divisas sem saírem se quer do nosso país. É aumentar a exportação e diminuir a importação. Mais que incentivar estrangeiros, dever-se-á incentivar os nossos ricos a repartirem a sua riqueza, mostrar-lhes que ao investirem vão trazer lucros para a população, para o país e, a cima de tudo para eles próprios. Dever-se-á lutar não por um ensino superior gratuito (pois isso é uma utopia) mas sim por um serviço de ensino cada vez mais capacitado e direccionado para a “construção” de pessoas, capazes de responder ás exigências das profissões e mercados. Dever-se-á não esquecer que, a formação profissional é importante para uma mão de obra qualificada mas que, nem todos podem ser “doutores”. O ensino universitário está cada vez mais banalizado, os licenciados são cada vez mais bacharéis, os mestrados cada vez mais licenciados.


Os políticos caíram no descrédito total. Caíram no ridículo e na sátira grosseira e ordinária do povo. Mas caíram por culpa própria, pela sua arrogância e ar de superioridade. Caíram porque quando lhes surge um problema, não o tentam resolver mas apenas a amenizar o seu impacto, escondem-no. Quando cometem erros, são incapazes de ser humildes e pedir desculpas, e procuram sempre desculparem-se importando as responsabilidades para o outro, ou o outro do outro. Caíram porque a sua sede de poder se sobrepõe ao seu bom-senso.


Ainda assim, é necessário a sua existência, para bem do estado social e democrático que, apesar de não estar a dar resultados nesta fase, acredito que é a melhor forma de gestão de um país. Sejam quais forem as medidas para sairmos deste poço sem fundo, nenhuma delas será boa, nenhuma delas irá trazer efeitos imediatos, nenhuma delas terá acordo de todos, mas têm de ser tomadas o mais rápido possível pois, estamos a chegar ao limite, estamos a chegar ao “lixo”, e quando isso acontecer, temos de nos sujeitar ao que quiserem fazer de nós. Se nos dias que correm somos autenticas marionetas da Sra. Merkel, daqui a pouco, seremos as suas prostitutas e teremos de nos sujeitar a fazer aquilo que ela bem entender.


Neste momento de declínio, temos de ser unidos. Temos de ser fortes. Temos de ser a Nação valente e imortal, que com sangue, suor e lágrimas, conseguirá sair desta situação, conseguirá voltar aos dias glórios, aos dias em que o hóquei em patins será bonito e o futebol a paixão. Os sorrisos voltaram ao dia-a-dia de cada um de nós sempre que falarmos que um dia, á uns anos atrás, estivemos perante uma crise que quase devastou este pequeno e humilde país.